A posição em que a idade nos coloca é uma ironia da natureza.
Ilustr.: Mariana Kalacheva |
Como me sinto feliz por não ter de ser feliz como tanto o desejava no passado!
De que selvática tirania afinal não me acabou por libertar o enfraquecimento do corpo?!
Então, a pintura era o que menos me preocupava. Temos de nos adaptar às nossas forças: se a partir de certa altura a natureza se recusa a trabalhar, não a devemos violentar mas contentarmo-nos com o que ela nos dá; não nos deixarmos dominar pela sede de elogios, que passam como o vento, mas aprendermos a saborear o próprio trabalho e as horas deliciosas que se lhe seguem - profundamente convictos de que esse lazer foi conquistado graças a uma salutar fadiga, que salvaguarda a saúde da alma. Esta, por seu turno, influi sobre a saúde do corpo - impedindo que a ferrugem dos anos embote os mais nobres sentimentos.
Então, a pintura era o que menos me preocupava. Temos de nos adaptar às nossas forças: se a partir de certa altura a natureza se recusa a trabalhar, não a devemos violentar mas contentarmo-nos com o que ela nos dá; não nos deixarmos dominar pela sede de elogios, que passam como o vento, mas aprendermos a saborear o próprio trabalho e as horas deliciosas que se lhe seguem - profundamente convictos de que esse lazer foi conquistado graças a uma salutar fadiga, que salvaguarda a saúde da alma. Esta, por seu turno, influi sobre a saúde do corpo - impedindo que a ferrugem dos anos embote os mais nobres sentimentos.
[Eugène Delacroix, in 'Diário']
Sem comentários :
Enviar um comentário