Ilustr.: Patrice Murciano |
Por ti falo. E ninguém sabe. Mas eu digo
meu irmão, minha amêndoa, meu amigo
meu tropel de ternura, minha casa
meu jardim de carência, minha asa.
Por ti morro e ninguém pensa. Mas eu sigo
um caminho de nardos empestados
uma intensa e terrífica ternura
rodeado de cardos por muitíssimos lados.
Meu perfume de tudo, minha essência
meu lume, minha lava, meu labéu
como é possível não chegar ao cume
de tão lavado céu?
[Ary dos Santos, in 'Fotosgrafias']
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