Ilustr.: Georgy Kurasov |
Onde o medo impera
Num quarto fechado
As portas se fecham
Os olhos se fecham
Fecham-se janelas
As bocas se calam
Os gestos se escondem
Quando ele pergunta
Ninguém lhe responde
Só insultos colhe
Solidão vindima
O rosto lhe virara
E não querem vê-lo
Seu longo combate
Encontrar silêncio
Silêncio daqueles
Que em sombras tornados
Em monstros se tornam
Naquela cidade
Tão poucos os homens
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
escreve o seu nome
[Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Grades']
Sem comentários :
Enviar um comentário