Ilustr.: Valeria Docampo |
Até quando suportaremos as barbaridades que acontecem diariamente?
Se alguém é assaltado a nossa reação é dizer “ainda bem que você está bem e que não aconteceu nada de grave”.
Parece que temos que agradecer por só terem levado as coisas materiais. Parece que temos que dizer “obrigada, seu ladrão, por não me estuprar, esfaquear ou dar um tiro”.
Até quando agiremos assim?
Não é normal ser assaltado, não é normal apanhar, não é normal ter a bolsa furtada. Nada disso é normal. O natural é cada um procurar dar o melhor que tem, trabalhar, construir o seu futuro. É claro que existe uma grande desigualdade social. É claro que tem rico, tem pobre, tem mansão e tem favela. É claro que tem criança pedindo no sinal. É claro que tem sujeira na rua. É claro que tem fila no SUS (Sistema Único de Saúde, sistema público de Saúde, no Brasil). É claro que tem gente com fome, sede e frio. Mas a solução para tudo isso não é encostar um revólver calibre 38 na cabeça de uma pessoa que está parada no semáforo, distraída, cantarolando sua música preferida e levar bolsa, celular, carro. Isso quando não levam a pessoa junto.
Me desculpa, mas eu nunca vou me conformar ou achar normal esse tipo de coisa. Está faltando amor, compaixão, doação, caridade e respeito.
E quer saber o pior?
Não sei onde tudo isso vai parar. Não sei onde nós iremos parar.
[Clarissa Corrêa]
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