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Ilustr. from http://www.whispy.com/blog/angels-without-wings/ |
No nosso mundo, entre os seres que nos ensinaram a identificar como tal, encontramos três tipos de "pessoas". Todas circulam ao nosso redor e, por elas ou por causa delas, somos sujeitos às forças da interação num jogo de atração e repulsão de cargas.
Podereis pensar que me refiro àqueles postulados da Física relativos à interação intermolecular segundo os quais verificamos atração entre cargas opostas e repulsão entre cargas de mesmo sinal. Sim, claro que essa é a referência desta minha reflexão, mas ao contrário!
Vivemos de balança e espada na mão, mas não de olhos vendados, e emitimos o nosso juízo sobre os outros cada vez que com eles nos relacionamos.
Passo a explicar: o primeiro tipo de pessoas são aquelas que circulam fora do alcance da nossa espada e às quais nem prestamos atenção. Cada qual na sua vida, cruzam-se connosco na indiferença do trânsito, do supermercado, do local de trabalho. Ou, simplesmente, não cruzam. Entre essas pessoas haverá, com certeza, pessoas boas e pessoas más, consoante o sinal da carga que revelam. Pela forma como se apresentam ou se impõem (ou não impõem) não chegam a interferir no nosso mundo nem alteram a cor do nosso dia. São estas que, um qualquer dia, em acidentalidade ou intencionalidade, por passarem mais perto ou deixarem perceber o sinal da sua carga, se revelarão anjos ou demónios. Assim mesmo! Em puro maniqueísmo! Tudo é uma questão de tempo...
O segundo tipo de pessoas são os demónios. As pessoas más e de carga negativa. Sem meio termo. Nem o "menos bom", nem o "menos mau". Aqueles que estão na nossa vida para a infernizar: interesseiros, calculistas, sorrateiros, egoístas, invejosos, os que dão com uma mão para cobrarem com a outra, os que pisam para subir e, quando chegados ao topo, se esquecem da sua origem. Os que conseguem mentir a olhar-nos nos olhos, os que não toleram a diferença tal é a ambição, os que não conhecem o perdão senão a vingança, os frios, os vazios, os dissimulados... Enfim, os perigosos. A muitos, permitimos que entrassem na nossa vida como anjos: revelavam-se "gajos porreiros" ou "amigalhaços" para, à primeira oportunidade, no jogo da interação, espalharem a sua aura negra sobre a luz e o brilho que nos é permitido dar ao dia, em cada manhã. Por isso, geram repulsa e delas nos devemos afastar ou manter um relacionamento controlado à distância para que não seja quebrado o estado de equilíbrio das duas cargas em interação.
Finalmente o terceiro tipo de pessoas: os anjos da nossa vida. As pessoas boas e de carga positiva. Aquelas pessoas de energia positiva que atraímos (ou nos atraem para si) tal é a alegria, a serenidade e a paz que transmitem. De presença empática e afável, consciência pura e alma lavada, colocam um raio de sol em cada abraço que envolve, em cada sorriso que nos toca, em cada palavra que nos conforta, em cada silêncio que tolera e nos respeita, tal como somos. Acolhem de cara exposta e postura firme o melhor e o pior que temos para dar, respeitando diferenças, perdoando fragilidades, fazendo o bem. Terão afirmado outrora: "vou passar o meu céu a fazer o bem na terra!", como Santa Teresinha do Menino Jesus. Ora, se anjos há sobre esta terra, estas são as pessoas de aura colorida e brilhante que recebemos no coração, a quem escutamos e a quem nos entregamos, com todas as virtudes e defeitos. Simplesmente porque tornam o nosso dia mais bonito e a nós melhores pessoas.
Neste jogo de forças que regulam a interação, ora de atração ora de repulsão, fica subjacente o sinal da carga de quem aqui reflete mas permaneço firme quanto aos meus enunciados.
A esse propósito, sigo o falseacionismo de Popper:
aproxima-te e dir-te-ei em que canto da minha vida te quero.
[Luís Gonzaga, 07/10/2014]
P.S.: Em memória da Nela e de todos os "anjos" que recentemente se vestiram de Luz e regressaram à Eternidade, deixando mais sombria esta nossa vida terrena.