Ilustr.: Ronald Companoca |
de relembrar, esquecido,
nas mãos, palmas calejadas
cavando desejos, proibidos.
E de pensar, já sou louco,
não há encontro para mim,
não tenho nome em tua lista,
não iniciei, sou sem fim.
Com tantos erros passados,
ganhei má fama sozinho,
com tantos passos errados,
não encontrei meu caminho.
Tentei abrir as mãos e não vi nada,
nem mesmo aquele beijo da mulher falada,
nem aquele antigo abraço que ganhei,
eu lutei... perdi! Porque contigo errei.
E de pecados, sou negro,
de relutar, sou sem forças,
de persistir, sou sem vista,
de agredir, comunista!
Não tenho eira nem beira,
não tenho amor para amar,
não posso amar quem não aceita
lutar e ver fracassar.
E vou seguindo sem luzes,
ninguém verá minha partida,
não quero deixar saudades,
nem prantos na despedida.
E se me quer na lembrança,
guarde meu nome contigo
meu nome é nome,
só nome
é simples, mas decisivo.
Na flor das noites de sangue
eu parto sem chorar dor,
eu parto, mas deixo contigo o que fui aqui,
deixo amor.
[Herzer, in 'A Queda para o Alto']
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