domingo, 31 de março de 2013

Aleluia

E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando elas muito atemorizadas, e baixando o rosto para o chão, eles lhes disseram:
Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia, dizendo:
Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.
E lembraram-se das suas palavras.
E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.

[Lucas, 24, 1-9]

sábado, 30 de março de 2013

Recolhimento

Ilustr.: Carl Heinrich Bloch


Toda a gente sente insegurança e sofre com brigas e abandonos.
Rupturas pedem um mínimo de recolhimento,
e é uma boa hora para calar a boca e pensar um pouco na vida.

[Gloria Kalil]

sexta-feira, 29 de março de 2013

Perdão



E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
E dizia Jesus:
Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.

[Lucas 23:33]

quinta-feira, 28 de março de 2013

Caos

Ilustr.: Giorgio de Chirico





Não é fácil enfrentar os meus problemas um de cada vez quando eles se recusam a fazer uma só fila.

[Ashleigh Brilliant]

quarta-feira, 27 de março de 2013

Degrau

Ilustr.: Jeanne Morrison


O degrau da escada não foi inventado para repousar,
mas apenas para sustentar o pé o tempo necessário para que
o homem coloque o outro pé um pouco mais alto.

[Aldous Huxley]

terça-feira, 26 de março de 2013

Lembra-te

Ilustr.: Lindsey Whitlow
Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos

[Mário Cesariny]

segunda-feira, 25 de março de 2013

Eternidade


Há momentos,
e você chega a esses momentos,

em que de repente o tempo pára
e acontece a eternidade.

[Fiodor Dostoievski]

domingo, 24 de março de 2013

I see you!

Scene from Avatar
I See You
(I see you)

Walking through a dream
I see you
My light in darkness breathing hope of new life
Now I live through you and you through me
Enchanting
I pray in my heart that this dream never ends

I see me through your eyes
Breathing new life
Flying high
Your love shines the way into paradise
So I offer my life as a sacrifice
I live through your love

You teach me how to see
All that's beautiful
My senses touch a world I never pictured
Now I give my hope to you
I surrender
I pray in my heart that this world never ends

I see me through your eyes
Breathing new life
Flying high
Your love shines the way into paradise
So I offer my life
I offer my love
For you

When my heart was never open
(And my spirit never free)
To the world that you have shown me
But my eyes could not envision
All the colours of love and of life evermore

Evermore
(I see me through your eyes)
I see me through your eyes
(Living new life flying high)
Flying high

Your love shines the way into paradise
So I offer my life as a sacrifice

And I live through your love
I live through your life
I see you
I see you

[Leona Lewis, Theme from Avatar]
----------------------------------------------------------------------------------

Cena de Avatar
Vejo-te
vejo-te

Caminhando através de um sonho
Vejo-te
Minha luz na escuridão respirando a esperança de uma vida nova
Agora vivo através de ti e tu através de mim
Encantador
Rezo em meu coração para que este sonho nunca termine

Vejo-me através dos teus olhos
Respirando vida nova
Voando alto
Teu amor ilumina o caminho para o paraíso
Então ofereço a minha vida como sacrifício
Vivo através do teu amor

Tu ensinas-me como ver
Tudo o que é belo
Meus sentidos tocam um mundo que eu nunca imaginei
Agora dou-te a minha esperança
Rendo-me
Rezo em meu coração para que este mundo nunca termine

Vejo-me através dos teus olhos
Respirando vida nova
Voando alto
Teu amor ilumina o caminho para o paraíso
Então ofereço a minha vida
Eu ofereço o meu amor
A ti

Quando o meu coração estava fechado
(e o meu espírito estava preso)
Para o mundo que me tens mostrado
Mas os meus olhos não podiam distinguir
Todas as cores do amor e da vida para sempre

E sempre
(Vejo-me através dos teus olhos)
Vejo-me através dos teus olhos
(Vivendo a vida nova voando alto)
Voando alto

O teu amor ilumina o caminho para o paraíso
Então ofereço a minha vida como sacrifício

Vivo através do teu amor
Vivo através da tua vida
Vejo-te
Vejo-te

[Leona Lewis, Tema de Avatar]

sábado, 23 de março de 2013

Lua da Primavera

Ilustr.: Karin Taylor
Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.

Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.

Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.

[Alberto Caeiro]

sexta-feira, 22 de março de 2013

Primavera

Ilustr.: Duy Huynh


Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
que seja a minha noite uma alvorada,
que me saiba perder...para me encontrar....

[Florbela Espanca]

quinta-feira, 21 de março de 2013

Nada 'spero!

Ilustr.: Sandra Bierman
Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.

Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.

Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada 'spera
Tudo que vem é grato.


[Ricardo Reis, in "Odes",
Heterónimo de Fernando Pessoa]

quarta-feira, 20 de março de 2013

Felicidade

Ilustr.: William-Adolphe Bouguereau

Se queres compreender a palavra "felicidade",
indispensável se torna entendê-la como recompensa
e não como fim.

[Antoine de Saint-Exupéry]

terça-feira, 19 de março de 2013

Meu herói, meu bandido...

Ilustr.: Paul Knight
Pai
Pode ser que daqui algum tempo
Haja tempo pra gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez

Pai
Pode ser que dai você sinta
Qualquer coisa entre esses 20 ou 30
Longos anos em busca de paz

Pai
Pode crer eu vou bem eu tô indo
Tô tentando vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer

Pai
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você

Pai
Senta aqui que o jantar tá mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensina esse jogo da vida
Onde vida só paga pra ver

Pai
Me perdoa essa insegurança
É que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos seus braços você fez segredo
Nos seus passos você foi mais eu, eu, eu

Pai
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
E pedir pra você ir lá em casa
E brincar com vovô com meu filho
No tapete da sala de estar

Pai
Você foi meu herói, meu bandido
Hoje é mais muito mais que um amigo
Nem você, nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai
Paz

[Fábio Jr.]

segunda-feira, 18 de março de 2013

Sonho

Ilustr.: Melani Sie





Eu caminho vivo no meu sonho estrelado.

[Victor Hugo]

domingo, 17 de março de 2013

Filhos

Ilustr.: Juan Ferrandiz



Os filhos são educados como se fossem ficar toda a vida filhos,
sem nunca se pensar que eles se tornarão em pais.

[August Strindberg]


sábado, 16 de março de 2013

Simbiose

Ilustr.: Liza Paizis





Eu e tu somos uma coisa só,
eu não te posso magoar sem me ferir também.

[Mahatma Ghandi]

sexta-feira, 15 de março de 2013

Fundo de si

Ilustr. in Twin Flames




Aquele que se analisou a si mesmo,
está deveras adiantado no conhecimento dos outros.

[Denis Diderot]




quinta-feira, 14 de março de 2013

Quietude

Ilustr.: Tone Aanderaa




A quietude...
É o bem daqueles que escolheram para sempre uma parte do seu destino e que enjeitaram a outra. 

[Sidonie Colette]

quarta-feira, 13 de março de 2013

Menina Mulher

Ilustr.: Andrius Kovelinas

A menina cresceu,
a vida ensinou-lhe coisas,
mostrou-lhe dores,
produziu tristezas,
surpresas, saudades...

A menina fez-se mulher,
ultrapassou barreiras,
levantou bandeiras,
defendeu-se da vida pronta,
vestiu-se de afronta e encarou...

A mulher descobriu-se,
fêmea absoluta,
na pele ávida de toque,
nos olhos vorazes de desejos,
no corpo ardente de vontades,
na boca, de puras verdades...

A menina repousa ainda,
na mulher de anseios,
acalantada entre os seios,
menina-mulher em dicotomia,
vivem em sintonia...

A num só corpo,
uma cabeça que pensa,
que brinca, que seduz e ama...

[Jessica Richert]

terça-feira, 12 de março de 2013

Anormalidade padrão

Ilustr.: Lana Wynne
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Têm que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero o meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade brincadeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois vendo-os loucos e santos, brincalhões e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

[Oscar Wilde]

segunda-feira, 11 de março de 2013

Vida e morte

Ilustr.: Tomasz Rut




A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser e que não existe mais.
Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá.
Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festa de aniversário. Se uma vela acesa é símbolo de vida, uma vez apagada ela torna-se símbolo de morte.

[Rubem Alves]

domingo, 10 de março de 2013

Durmo

Ilustr.: Hamish Blakely

Durmo. Se sonho, ao despertar não sei que coisas eu sonhei.
Durmo. Se durmo sem sonhar, desperto para um espaço aberto
que não conheço,
pois que despertei para o que inda não sei.
Melhor é nem sonhar nem não sonhar
E nunca despertar.

[Fernando Pessoa]

sábado, 9 de março de 2013

Cegueira

Ilustr.: Twin Flames




Nunca se empregam os homens na luz que vêem,
senão nos defeitos que a luz lhes mostra.

[António Vieira]

sexta-feira, 8 de março de 2013

Inspiração

Ilustr.: Daniel Martinez Fuentes
Teu belo seio ondulado
Faz ondas como as do mar
Nesse teu corpo moldado
Feito inspiração para amar.

Teus olhos são como estrelas
Lá longe no Céu brilhando
Teus lábios são aguarelas
Das cores do amor sonhando.

Teus cabelos são jasmim
Tua boca qual quimera
O teu corpo é um jardim 
Que irradia Primavera.

Tens sorriso gracioso
Meiga voz que frui virtude
No teu jeito mavioso
Há sempre uma juventude.

És da aurora o alvor
Foste no Éden eleita
Imagem do Criador
Que te fez assim perfeita

És escultura Divina
Duma beleza sem par
Em perfeição que combina
O Céu, a Terra e o Mar !...

[Euclides Cavaco]

quinta-feira, 7 de março de 2013

Menino grande

Ilustr.: Dorothy Tennant
Também eu, também eu.
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...
Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho;
os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.
Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.

Vida!,
não me venhas roubar o meu tesoiro:
não te importes que eu ria,
que eu salte como dantes.
E se eu riscar os muros
ou quebrar algum vidro
ralha, ralha comigo, mas de manso...
(Eu tinha um bibe azul...
Tinha berlindes,
tinha bolas, cavalos, papagaios...
A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
ralhar, parti os vidros da janela
e desenhei bonecos na parede...)

Vida!, ralha também,
ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
como se fosse ainda a minha Mãe...

[Sebastião da Gama]

quarta-feira, 6 de março de 2013

Tal pai...

Ilustr.: Fidel Garcia




O amor é filho da ilusão e pai da desilusão.

[Miguel Unamuno]

terça-feira, 5 de março de 2013

Medo

Ilustr.: Beatriz Martin Vidal



Você bloqueia seu sonho quando permite que seu medo fique maior do que a sua fé.

[Mary Manin Morrisey]

segunda-feira, 4 de março de 2013

Dúvida

Ilustr.: Uzun Hikaye




As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o que, com frequência, poderíamos ganhar,
por simples medo de arriscar.

[William Shakespeare]

domingo, 3 de março de 2013

Porrada

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. 

Ilustr.: Duy Huynh, "Eggscapism"
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, 
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, 
Indesculpavelmente sujo. 
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, 
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, 
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, 
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, 
Que tenho sofrido enxovalhos e calado, 
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; 
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel, 
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, 
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, 
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado 
Para fora da possibilidade do soco; 
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, 
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. 

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo 
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, 
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana 
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; 
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! 
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. 
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? 
Ó príncipes, meus irmãos, 

Arre, estou farto de semideuses! 
Onde é que há gente no mundo? 

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra? 

Poderão as mulheres não os terem amado, 
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! 
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, 
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? 
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil, 
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

[Álvaro de Campos]

sábado, 2 de março de 2013

Sono


Ilustr.: Giclee Print (English School)





O sono é como uma outra casa que poderíamos ter, e onde, deixando a nossa, iríamos dormir.

[Marcel Proust]

sexta-feira, 1 de março de 2013

Desabrochar





E chegou o dia em que o risco de continuar espremido dentro do botão era mais doloroso que o de desabrochar.

[Anaïs Nin]