sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Adiamento

Ilustr.: Anatoly Dverin

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

[Álvaro de Campos, 14.abril.1928]

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Segue

Ilustr.: Ironland
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

[Ricardo Reis]

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Obligatio in solidum

Ilustr.: Nicoletta Tomas Caravia

A ameaça do mais forte faz-me sempre passar para o lado do mais fraco.

[François Chateaubriand]

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Recomeçar

Ilustr.: Duy Huynh, "New Life"





Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.

[Confúcio]

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Aqui... agora...

Ilustr.: Alice Brandão

Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.

Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.

Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.

Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.

Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.

Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.

[Alberto Caeiro]

domingo, 26 de janeiro de 2014

Mima-te





A minha avó disse-me um dia:
“A velhice é um lugar onde vivem memórias.
Por esse motivo,
enquanto és jovem proporciona-te momentos bonitos”.

[Fabio Volo]

sábado, 25 de janeiro de 2014

Silêncio

Ilustr.: Victor Nizovtsev

É em profundo silêncio que acolho palavras que são marcas na minha vida. Um silêncio de perplexidade e de assombro, de alegria e felicidade intensas. Um silêncio de lábios que resguarda a ebulição interior e a certeza de que o extraordinário aconteceu e persiste cá bem-dentro num significado conjugado lentamente pelos anos percorridos no caminho de vida. O silêncio dos lábios e um olhar cheio de intenções e palavras. Profiro com os olhos o que o meu pensamento dita, esse sentimento maior que desmesuradamente cresce nos meus rios, de dentro para fora e de fora para dentro em todos os movimentos ditados pela corrente da vida em nós. Ouço-te em silêncio e acolho os teus sentimentos em silêncio de compreensão absoluta. Acolho-os, enraízo-os, partilho-os, comungo-os. O meu silêncio fica preenchido com o som das tuas palavras. As tuas palavras e o meu silêncio são a expressão da mesma coisa.

[Ana Souto De Matos]

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Heróis

Ilustr.: Twin Flame Art


A vida que tudo arrasta, arrasta os amores também,
uns dão à costa, exaustos, outros vão mais além,
navegadores só solitários dois a dois,
heróis sem nome e até por isso heróis.
(. . .)
Os amores são facas de dois gumes,
têm de um lado a paixão, do outro os ciúmes,
são desencantos que vivem encantados,
como velas que ardem por dois lados.

[Sérgio Godinho]

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A ordem da tristeza

Ilustr.: Ronald Companoca
[. . .]
De tal maneira que deixei de sonhar. Só os pesadelos me visitavam. Eu estava aleijada desse órgão que segrega as matérias do sonhar. Eu estava doente sem doenças. Sofria dessas maleitas que só Deus padece. Aconteceu assim: primeiro, me acabou o riso; depois, os sonhos; por fim, as palavras. É essa a ordem da tristeza, o modo como o desespero nos encerra num poço húmido. 

[Mia Couto, in 'A varanda do frangipani', A confissão de Marta, 13ºCap.]

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Não duvides...

Ilustr.: Adrian Waggoner
Não me interrompas! Meu amor é intolerante e xenófobo, surge tenso, intenso, paixão intestina.
Não me silencies! Vocifero! Sirvo, sou servo, estou a mando do amor.
Não me perturbes! Sou quarto lacrado, o amor vem timbrado em minha alma complacente.
Não te atrevas! Oculta a inveja, admira-me em batalha, sou soldado sem dor.
Melhor que não desembainhes a espada, nem desafies à facada este temente ao amor!

[Lufe Garcia]

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Partilha

Ilustr.: Claudia Tremblay





A beleza da vida multiplica-se
Sempre que a partilhamos com quem amamos.
Se quiseres multiplicar a tua vida
Precisas primeiro dividi-la.

[Pe. Fábio de Melo]


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Detalhes

Ilustr.: HJ-Story



A felicidade humana
geralmente não se consegue com grandes golpes de sorte,
que poucas vezes acontecem,
mas com pequenas coisas
que acontecem todos os dias.

[Benjamin Franklin]

domingo, 19 de janeiro de 2014

Meus olhos que por alguém

Ilustr.: Elaina Wagner
Meus olhos que por alguém
deram lágrimas sem fim
já não choram por ninguém
- basta que chorem por mim.

Arrependidos e olhando
a vida como ela é,
meus olhos vão conquistando
mais fadiga e menos fé.

Sempre cheios de amargura!
Mas se as coisas são assim,
chorar alguém - que loucura!
- Basta que eu chore por mim.

[António Botto]

sábado, 18 de janeiro de 2014

Coração povoado

Ilustr.: Ronald Companoca
Aqui estão as mãos.
São os mais belos sinais da terra.
Os anjos nascem aqui:
frescos, matinais, quase de orvalho,
de coração alegre e povoado.

Ponho nelas a minha boca,
respiro o sangue, o seu rumor branco,
aqueço-as por dentro, abandonadas
nas minhas, as pequenas mãos do mundo.

Alguns pensam que são as mãos de Deus
— eu sei que são as mãos de um homem,
trémulas barcaças onde a água,
a tristeza e as quatro estações
penetram, indiferentemente.

Não lhes toquem: são amor e bondade.
Mais ainda: cheiram a madressilva.
São o primeiro homem, a primeira mulher.
E amanhece.

[Eugénio de Andrade, in 'Até Amanhã']

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Abraço

Ilustr.: Nikolai Reznichenko




Tudo o que você pensa e sofre,
dentro de um abraço se dissolve...

[Martha Medeiros]


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Erros meus, má Fortuna, Amor ardente

Ilustr.: Chanelle Kotze
Erros meus, má Fortuna, Amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a Fortuna sobejaram,
Que para mim bastava Amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que já as frequências suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!

[Luís Vaz de Camões, in 'Sonetos']

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Olá, está tudo bem?

Ilustr.: Chris Fifty
Comecei a amar-te no dia em que te abandonei.

Foram as palavras dele quando, dez anos depois, a encontrou por mero acaso no café. Ela sorriu, disse-lhe “olá, amo-te” mas os lábios só disseram “olá, está tudo bem?”. Ficaram horas a conversar, até que ele, nestas coisas era sempre ele a perder a vergonha por mais vergonha que tivesse naquilo que tinha feito (como é que fui deixar-te? como fui tão imbecil ao ponto de não perceber que estava em ti tudo o que queria?), lhe disse com toda a naturalidade do mundo que queria levá-la para a cama. Ela primeiro pensou em esbofeteá-lo e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, de seguida pensou em fugir dali e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, e finalmente resolveu não dizer nada e, lentamente, a esconder as lágrimas por dentro dos olhos, abandonou-o da mesma maneira que ele a abandonara uma década antes. Não era uma vingança nem sequer um castigo – apenas percebeu que estava tão perdida dentro do que sentia que tinha de ir para longe dali para ir para dentro de si. Pensou que provavelmente foi isso o que lhe aconteceu naquele dia longínquo em que a deixara, sozinha e esparramada de dor, no chão, para nunca mais voltar.

De tudo o que amo és tu o que mais me apaixona.

Foram as palavras dela, poucos minutos depois, quando ele, teimoso, a seguiu até ao fundo da rua em hora de ponta. Estavam frente a frente, toda a gente a passar sem perceber que ali se decidia o futuro do mundo. Ele disse: “casei-me com outra para te poder amar em paz”. Ela disse: “casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim”. Na verdade nem um nem outro disseram nada disso porque nem um nem outro eram poetas. Mas o que as palavras de um (“amo-te como um louco”) e as palavras de outro (“amo-te como uma louca”) disseram foi isso mesmo. A rua parou, então, diante do abraço deles.


[Pedro Chagas Freitas, in 'O Livro dos Loucos']

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Busca

Ilustr: Natalia Maroz




Houve tempo em que procurava
o pôr do sol, os arredores e a infelicidade;
agora procuro a manhã, o centro e a serenidade.

[Jorge Luís Borges]

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Cristiano

Ilustr.: Wu Wei

É nosso
Agora é nossa.
Feita em ouro de lembrança,
Do chuto que é dele.
Do nosso.
Advérbio, complemento,
Verbo feito, força tendo.
Ali estamos e somos todos,
Ali somos país levado.
Passado, presente, o futuro.
Olhar ao céu e grito forte.

Por isso, Cristiano,
Menino, o nosso.
E nessa alma, chuta forte, com jeito e parte.
Porque alma nossa tu és,
Em arte.

[spot RTP]

domingo, 12 de janeiro de 2014

Iluminado

Ilustr.: Twin Flames




Tenho pensamentos que,
se pudesse revelá-los e fazê-los viver,
acrescentariam nova luminosidade às estrelas,
nova beleza ao mundo e
maior amor ao coração dos homens.

[Fernando Pessoa]

sábado, 11 de janeiro de 2014

Autocontrolo

Ilustr.: Duy Huynh (He Turns Negatives To Positives)




Aprendi através da experiência amarga a suprema lição:
controlar a minha ira e torná-la o calor que é convertido em energia.
Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.

[Mahatma Gandhi]

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Inconstância

Ilustr.: Pierre Carrier-Belleuse


Chegas sem aviso e vais sem despedida.
Tua inconstância não é mero acaso!
Quando os sentimentos tratas com descaso,
Cumpres, iludido, teu programa de vida.
No palco do amor, encenas teus abraços,
Já memorizada a cena derradeira:
Partes, em remoinho, fazendo a poeira
Que cobrem as marcas feitas por teus passos.
Como um vento brando, junto a ti cheguei.
Do amor, o pólen, em teu coração plantei
Que, em meio estéril, enfim, não fecundou.
Para nós, assim, desfecho desigual...
Em minha vida foste como vendaval,
Em tua vida fui brisa que acalentou.

[Lêda Yara Mello]

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Alternativa

Ilustr.: Josée Masse



Há que se lutar pelos sonhos, mas há que saber também que, quando certos caminhos se mostram impossíveis, é melhor guardar as energias para percorrer outras estradas.

[Paulo Coelho]

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Dormir

Ilustr.: Behance



Viver torna-se uma tão estúpida obsessão que dormir bem - sempre mais do que se precisaria, esticando a ronha até ao limite do olho fechado - é cada vez mais considerado como um abraço acamado que se dá à Morte.
Que disparate: dormir é viver bem.

[Miguel Esteves Cardoso]

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Decisões

Ilustr.: Ronald Companoca



Há decisões que se tomam e que se lamenta a vida toda e há decisões que se amarga o resto da vida não ter tomado. E há ainda ocasiões em que uma decisão menor, quase banal, acaba por se transformar, por força do destino, numa decisão imensa, que não se buscava mas que vem ter connosco, mudando para sempre os dias que se imaginava ter pela frente. Às vezes, são até estes golpes do destino que se substituem à nossa vontade paralisada, forçando a ruptura que temíamos, quebrando a segurança morta em que habitávamos e abrindo as portas do desconhecido de que fugíamos.

[Miguel Sousa Tavares, in 'Rio das Flores', Janeiro 2009]

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Elegância

Ilustr.: Ruth Morehead
Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza. É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada. É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca. É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas, por exemplo. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la em pessoas pontuais. Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está. Oferecer flores é sempre elegante. É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer… porém, é elegante reconhecer o esforço, a amizade e as qualidades dos outros. É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro. É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade. É elegante o silêncio, diante de uma rejeição… Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante. É elegante a gentileza. Atitudes gentis falam mais que mil imagens… Abrir a porta para alguém é muito elegante… Dar o lugar para alguém sentar… é muito elegante… Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma… Oferecer ajuda… é muito elegante… Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante… Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os desafetos é que não irão desfrutá-la.

[Martha Medeiros]

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio

Ilustr.: Ricardo Galvão


Havia nele a máxima tensão
Como um clássico ordenava a própria força
Sabia a contenção e era explosão
Não era só instinto era ciência
Magia e teoria já só prática
Havia nele a arte e a inteligência
Do puro e sua matemática
Buscava o golo mais que golo – só palavra
Abstracção ponto no espaço teorema
Despido do supérfluo rematava
E então não era golo – era poema.

[Manuel Alegre]

sábado, 4 de janeiro de 2014

Doutores

Ilustr.: Ironland

Um homem precisa viajar.
Por sua conta, não apenas por meio de histórias, imagens, livros ou TV.
Precisa viajar por si, com os seus olhos e pés, para entender o que é seu.
Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor.
Conhecer o frio para desfrutar o calor.
E o oposto.
Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.

[Amyr Klink]

 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O tempo

Ilustr.: Emma Stuart



O tempo não cura tudo.
Aliás o tempo não cura nada.
O tempo apenas tira o incurável
do centro das atenções.

[Martha Medeiros]

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Amanhã

Ilustr.: Aron Wiesenfeld



Se esses ontens
fossem devorar
os nossos belos amanhãs?

[Paul Verlaine]

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Seguir...

Ilustr.: Rosanna D'Amico


Escrever a história
é um modo de nos livrarmos do passado.

[Johann Goethe]