quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Tempo de Convivência

Ilustr.: Asunción Reyes Paiva
Na convivência, o tempo não importa.
Se for um minuto, uma hora, uma vida.
O que importa é o que ficou deste minuto,
desta hora, desta vida...
Lembra-te de que o que importa
... é que tudo o que semeares colherás.
Por isso, marca a tua passagem,
deixa algo de ti,...
do teu minuto,
da tua hora,
do teu dia,
da tua vida.

[Mário Quintana]

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Livro da Vida

Ilustr.: David Martiashvili

No Livro da tua Vida, que escreves a cada segundo, vais deixando, para trás, páginas de tudo e de nada, alguns momentos cheios de alegria desenhada nas folhas brancas dos teus dias, ou apenas riscos feitos com o peso da tua procrastinação triste, embutida nas linhas da rotina. Vais escrevendo os dias por onde tens vivido e assustas-te quando, ao folhear o teu livro, encontras páginas em branco que nunca mais aceitam palavras, onde mais ninguém pode escrever nelas e nem sequer podem ser arrancadas. São o testemunho eterno daquilo que não viveste... por isso quanto menos páginas em branco, tiver o teu Livro da Vida, maior será o índice da tua realização pessoal e da tua Vida!

[Paulo dos Santos]

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Poética

Ilustr.: Viviana Gonzállez
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

[Vinicius de Moraes, Nova York, 1950]

domingo, 28 de dezembro de 2014

Vivo cada dia

Ilustr.: Chanelle Kotze




Vivo cada dia como se fosse cada dia.
Nem o último,
nem o primeiro,
simplesmente o único.

[Pablo Neruda]

sábado, 27 de dezembro de 2014

Sorria

Ilustr.: Genevieve Godbout
Sorria
Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando há nuvens no céu
Você sobreviverá...

Se você apenas sorri
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena se você apenas...

Ilumine sua face com alegria
Esconda todo o rastro de tristeza
Embora uma lágrima possa estar tão próxima
Este é o momento que você tem que continuar tentando

Sorria, pra que serve o choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas...
Se você sorri
Com seu medo e tristeza
Sorriso e talvez amanhã
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas Sorrir...
Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria, pra que serve o choro
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas Sorrir
Charles Chaplin

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Farmácia verbal

Ilustr.: Katie m. Berggren
Há remédios e venenos que nos entram pela boca, outros pela pele,
mas há aqueles que nos entram pelos olhos e pelos ouvidos, AS PALAVRAS!
Algumas chegam a dentro do coração e curam, outras ferem ainda mais ou matam-nos.
Afinal também há palavras com efeitos adversos...
por isso somos alérgicos ou dependentes de algumas e a nossa linguagem é uma autêntica farmácia!
A escolha, dos melhores remédios ou dos piores venenos para os outros, depende sempre de mim, e a reacção que eles provocarem nos Outros, será sempre da minha responsabilidade!

[Paulo dos Santos]

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Natal

Ilustr.: Evgenija Gapchinskaja
Junquem de flores o chão do velho mundo:
Vem o futuro aí!
Desejado por todos os poetas
E profetas
Da vida,
Deixou a sua ermida
E meteu-se a caminho.
Ninguém o viu ainda, mas é belo.
É o futuro...
Ponham pois rosmaninho
Em cada rua,
Em cada porta,
Em cada muro,
E tenham confiança nos milagres
Desse Messias que renova o tempo.
O passado passou.
O presente agoniza.
Cubram de flores a única verdade
Que se eterniza!

Um anjo imaginado,
Um anjo dialéctico, actual,
Ergueu a mão e disse: — É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.

Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra e de incenso e oiro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas brancas, regeladas
Como a neve que cai,
E breves como o vento
Que entra por uma fresta, quezilento,
Redemoinha e sai:

À volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternamente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?

Natal divino ao rés-do-chão humano,
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.

O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar...
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar...

[Miguel Torga]

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Fica comigo

Ilustr. from http://galleryhip.com

Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.

Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.

[Miguel Torga]

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

(Res)Sentimentos

Ilustr.: Alberto Pancorbo
Uma vez escutei que ter problemas e brigas na vida é inevitável, agora ser derrotado por eles? é opcional. E olha que hoje lembrando-me dessa frase me ocorreu o seguinte pensamento.

Não há nada pior e mais comum do que o ato de guardar ressentimentos.
Que a verdade seja dita, é tão mais fácil ficar magoado, chateado e até por vezes com raiva, ódio e rancor do que perdoar, procurar saber o que ouve, ou quais motivos foram os responsáveis por tais atitudes.

É tão humano guardar sentimentos que só nos fazem mal, que não nos dão qualquer tipo de alegria, plenitude. O problema é: As vezes ficamos tão obcecados em tentar decifrar os mínimos detalhes de certas coisas, que esquecemos completamente das que estão diante de nossos olhos.

Não se deve viver sonhando e esquecer de viver.
Etapas acabam, sonhos são realizados, outros não (infelizmente), mas não é justo com os outros, e principalmente não é justo com nós mesmos parar no tempo.

Momentos, períodos, etapas, todos eles tem um fim. Assim como é certo que todo o final de percurso, traz consigo o começo de um novo.
Então a melhor coisa a fazer e, consequentemente, a mais saudável é parar de olhar o que não deu certo, o que poderia ter acontecido, e começar a observar cada experiência vivida como total forma de crescimento.

Mude de casa, siga outra rua, experimente novos sabores, faça novos amigos, escute outro estilo musical.
É preciso e mais do que necessário jogar algumas lembranças fora (por mais difícil que seja), pois quando descartamos pensamentos, palavras, coisas desagradáveis que aconteceram damos total liberdade e oportunidade para que novas coisas aconteçam.
É burrice olhar para o passado quando se tem um futuro incerto e estimulante diante dos olhos.

Deve-se tomar cuidado com certas palavras proferidas em momentos de discussões ou raiva, muitas palavras que até talvez você não pensa, nem sente. Palavras proferidas em momentos de raiva são as mais fáceis de se pronunciar e as mais difíceis de se esquecer. Portanto cuidado pois minutos depois quando essa raiva passar, você delas poderá até se esquecer, mas a pessoa a quem tais palavras foram dirigidas pode não esquecê-las por um longo período.

[Kayque Meneguelli]

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Respeito

Ilustr.: Katie m. Berggren




O laço que une a sua família verdadeira não é de sangue,
mas de respeito e alegria pela vida um do outro.
Raramente os membros de uma família se criam sob o mesmo teto.

[Richard Bach, in 'Ilusões']

domingo, 21 de dezembro de 2014

Cartas de Amor

Ilustr.: HJ Story
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

[Álvaro de Campos, in 'Poemas']

sábado, 20 de dezembro de 2014

... mas tu não!

Ilustr.: Jean Metzinger


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
       
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não

[Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Grades']

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Esperança

Ilustr.: Roman Velichko


Um dia, mortos, gastos, voltaremos
A viver livres como animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento leva os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nossos membros lassos
A leve rapidez dos animais.

[Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Grades']

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Relacionamentos

Ilustr.: Richard Kuklik

O relacionamento interpessoal nunca será perfeito, tal como um caminho! Tem altos e baixos, desvios, buracos, pontes...ou falta delas!
Quando o caminho da nossa relação está no alto da montanha, temos um horizonte de qualidades e vemos sempre até à linha do infinito dos outros, temos uma relação arejada e respiramos liberdade, porque conseguimos ver e sentir mais além de nós, e quando o nosso caminho relacional se imobiliza no vale dos defeitos e dos conflitos, perdemos a linha do horizonte, vemos muito pouco, além de nós, e perdemos a noção dos Outros.
Assim, se eu permanecer no vale, ou naquilo que é imperfeito nos meus relacionamentos interpessoais, deixo de ver horizontes nos outros e a minha linha do infinito relacional desaparece no meio dos defeitos!

[Paulo dos Santos]

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

País ocupado

Ilustr.: Georgy Kurasov
País ocupado
Onde o medo impera
Num quarto fechado
As portas se fecham
Os olhos se fecham
Fecham-se janelas
As bocas se calam
Os gestos se escondem
Quando ele pergunta
Ninguém lhe responde
Só insultos colhe
Solidão vindima
O rosto lhe virara
E não querem vê-lo
Seu longo combate
Encontrar silêncio
Silêncio daqueles
Que em sombras tornados
Em monstros se tornam
Naquela cidade
Tão poucos os homens

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
escreve o seu nome

[Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Grades']

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Força das Coisas

Ilustr.: HJ Story




É engraçado
a força que as coisas parecem ter
quando elas precisam acontecer.

[Caetano Veloso]

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Perfeição

Ilustr.: Eugenijus Konovalovas
Quase todos nós percorremos um longo caminho. Fomos de um mundo para o outro, que era praticamente igual ao primeiro, esquecendo logo de onde viéramos, não nos preocupando para onde íamos, vivendo o momento presente.
Tem alguma ideia de por quantas vidas tivemos que passar até chegarmos a ter a primeira intuição de que há na vida algo mais do que comer, ou lutar, ou ter uma posição importante dentro do bando?
Mil vidas, Fernão, dez mil!
E depois mais cem vidas até começarmos a aprender que há uma coisa chamada perfeição, e ainda outras cem para nos convencermos de que o nosso objetivo na vida é encontrar essa perfeição e levá-la ao extremo.

[Richard Bach, in 'Fernão Capelo Gaivota']

domingo, 14 de dezembro de 2014

Palavras de Ferro

Ilustr.: Leah Saulnier



As palavras de FERRO são aquelas que magoam mais, são frias, duras, oxidadas pela repetição e deixam em qualquer pessoa uma mancha de ferrugem agressiva e eterna. Usam-se sobretudo nos conflitos, cada palavra destas é uma autêntica bala que destrói tudo por onde passa...sem regresso!
Usar este tipo de palavras, durante algum tempo, leva qualquer relação para um lugar inóspito, uma autêntica sucata de palavras enferrujadas pela repetição no tempo, retorcidas pela força do ódio e machucadas pela falta de humanidade dentro delas e sobretudo dentro de quem as pronuncia!

[Paulo dos Santos]

sábado, 13 de dezembro de 2014

O Guardador de Rebanhos

Ilustr.: David Martiashvili
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.

Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias,
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que
se diz
E quer fingir que compreende.

Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.

[Alberto Caeiro, in 'O Guardador de Rebanhos - Poema I']

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Hora mágica

Ilustr.: Eva-Lena Rehmark


Só há felicidade se não exigirmos nada do amanhã e
aceitarmos do hoje, com gratidão,
o que este nos trouxer.
A hora mágica chega sempre.

[Hesse]

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Tabacaria

Ilustr.: David Martiashvili
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu.

[Álvaro de Campos, in 'Poemas']

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Metal das Palavras

Ilustr.: Chris Riggs

Se olhasse para as suas palavras como se fossem um metal, qual seria o resultado?

Sabemos que o silêncio é de Ouro e as palavras são de Prata, mas nós usamos no dia a dia muitas palavras metalizadas, outras porém muito enferrujadas e até galvanizadas, não esquecendo as cromadas muito usadas pelos graxistas, políticos e cromos afins!

Usamos geralmente palavras de Ouro e Platina para aquelas pessoas que gostamos muito, apesar de muitas vezes não serem maciças, apenas metalizadas por fora, por outras vezes usamos palavras de Chumbo, muito pesadas devido ao seu poder de crítica e reprovação!

Noutras situações usamos palavras de Cobre, quando cobramos alguma coisa a alguém!

A maior parte das vezes usamos palavras de Alumínio, muito leves de significado, com alguma frieza à mistura.

Usamos, em grandes quantidades, palavras de Ferro, aquelas que são duras, enferrujam com o passar do tempo, perdem o brilho, e são banais...encontram-se em todo o lado e servem para tudo, podem ganhar até outras configurações, como Ferro Fundido, muito utilizadas para confundir e manipular!

Usamos ainda palavras de Aço, quando as transformamos em armas para atacar e matar os outros! Finalmente usamos também palavras de Bronze, servem para adornar o discurso, muito usadas em cerimónias, mas que rapidamente oxidam. Agora penso de que metal faço as minhas palavras?

[Paulo Dos Santos]

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Data

Ilustr.: Steve Hester
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação

Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão

Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça.

[Sophia de Mello Breyner Anderson, in 'Grades']

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Projeção perfeita

Ilustr.: Genevieve Godbout
Amor, estranho amor, maneira de amar.
Como já disse uma vez o saudoso Pedro Bial: Não seja leviano, não ature gente de coração leviano.

Amor, amar, nada mais é que um ciclo, doloroso e, às vezes, até vicioso.
Às vezes, sentimos tanta coisa por uma pessoa, esperamos tanto dela, que nos decepcionamos tremendamente. O certo seria não esperar nada de ninguém, e se surpreender com cada ato, cada ato tão esperado ocultamente, guardado em nossas esperanças.

Só porque uma pessoa não gosta de você do jeito que você quer, não quer dizer que ela não goste de você de alguma forma, que ela não te ame de alguma maneira. Mas, o pior ato que o ser humano pode cometer, é despertar o amor em uma pessoa, se não vai correspondê-la, de nenhuma forma.

Não quero que este post, se transforme em nada meloso, nem 'romântico'.
Mas, brinque com o que você quiser, mexa no que bem entender, mas jamais, em hipótese alguma, fira os sentimentos de alguém, Não prometa nada além do que pode cumprir.

Nos ensinaram desde pequenos que um dia, na fila do banco, no trabalho, em algum lugar, alguém vai passar, algo vai mudar, seus olhos ficarão focalizados, a voz rouca, as pernas tremerão e pronto... é isso mesmo... tá amando, meu filho. ;)

Ninguém ao certo sabe, quando ou onde esse botão 'AMOR' é acionado no ser humano, o problema de tudo isso, não é o sentimento em si, e sim, as consequências. Tolos que somos, imaginamos a perfeição em pessoa...
linda, cheirosa, acorda bem, sem mau hálito, tem bom coração, educada, elegante e mais um milhão de qualidades.

Com o tempo, percebemos, que essa projeção perfeita, não passa disso... apenas uma projeção. Se houver amor de verdade, todas as dificuldades serão ultrapassadas, caso contrário...

Bom, os cientistas ainda não acharam a resposta, onde, quem, desliga e reinicia esse botão novamente.

[Kayque Meneguelli]

domingo, 7 de dezembro de 2014

O povo não pensa

Ilustr.: Ronald Companoca




O povo não pensa.
Somente os indivíduos pensam.
Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade.

[Rubem Alves, in 'Ganhei Coragem']

sábado, 6 de dezembro de 2014

Desejo para ti

Ilustr.: "Lo spaventapasseri" in 'Lo Psicologo Verticale'
Desejo que voltes para o teu mar quantas vezes forem necessárias até encontrares o teu tesouro.
Que, com o passar do tempo, a tua alma se torne cada vez mais maleável, mas que seja firme o bastante para nunca desistir de ti.
Desejo que tudo o que mais te importa floresça.
Que cada florescimento seja tão risonho e amoroso que atraia os pássaros com o seu canto, as borboletas com as suas cores, o toque do sol com seu calor mais terno, e a chuva que derrama de nuvens infladas de paz.
Desejo que, mais vezes, além de molhares só os pés, tu possas entrar na praia da poesia da vida com o coração inteiro e brincar com a ideia que cada onda diz.
Desejo que não tenhas tanta pressa que esqueças de colher estrelas com os olhos nas noites em que o céu se torna jardim, e levares para plantar no teu coração as mudas daquelas mais luzentes.
Que tenhas sabedoria para encontrar descanso e alimento nas coisas mais simples da vida.
Que a cada manhã a tua coragem acorde bem juntinho a ti, sorria para ti, e te convide para viverem uma história toda nova, apesar do cenário aparentemente costumeiro.
Desejo que encontres maneiras para te fazer feliz no intervalo entre o instante em que cada dia acorda e o instante em que ele se deita para dormir.
Que te sintas livre e louco o bastante para deixares a tua essência florir.

[Ana Cláudia Jácomo, in 'Cheiro de flor quando ri']

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Censura aos soberbos


Descendo ao particular, direi agora, peixes, o que tenho contra alguns de vós. E começando aqui pela nossa costa: no mesmo dia em que cheguei a ela, ouvindo os roncadores e vendo o seu tamanho, tanto me moveram o riso como a ira.
É possível que sendo vós uns peixinhos tão pequenos, haveis de ser as roncas do mar?!
Se, com uma linha de coser e um alfinete torcido, vos pode pescar um aleijado, porque haveis de roncar tanto? Mas por isso mesmo roncais.
Dizei-me: o espadarte porque não ronca? Porque, ordinariamente, quem tem muita espada, tem pouca língua.
Isto não é regra geral; mas é regra geral que Deus não quer roncadores e que tem particular cuidado de abater e humilhar aos que muito roncam.
S. Pedro, a quem muito bem conheceram vossos antepassados, tinha tão boa espada, que ele só avançou contra um exército inteiro de soldados romanos; e se Cristo lha não mandara meter na bainha, eu vos prometo que havia de cortar mais orelhas que a de Malco. Contudo, que lhe sucedeu naquela mesma noite? Tinha roncado e barbateado Pedro que, se todos fraqueassem, só ele havia de ser constante até morrer se fosse necessário; e foi tanto pelo contrário, que só ele fraqueou mais que todos, e bastou a voz de uma mulherzinha para o fazer tremer e negar. Antes disso já tinha fraqueado na mesma hora em que prometeu tanto de si. Disse-lhe Cristo no horto que vigiasse, e vindo de aí a pouco a ver se o fazia, achou-o dormindo com tal descuido, que não só o acordou do sono, senão também do que tinha blasonado:
Sic non potuisti una hora vigilare mecum?
Vós, Pedro, sois o valente que havíeis de morrer por mim, «e não pudestes uma hora vigiar comigo»? Pouco há, tanto roncar, e agora tanto dormir? Mas assim sucedeu.
O muito roncar antes da ocasião, é sinal de dormir nela. Pois que vos parece, irmãos roncadores?
Se isto sucedeu ao maior pescador, que pode acontecer ao menor peixe?
Medi-vos, e logo vereis quão pouco fundamento tendes de blasonar, nem roncar.

[Pe. António Vieira, in 'Sermão de Santo António aos Peixes']

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Arte

Ilustr.: David Martiashvili





Só conseguimos deitar no papel os nossos sentimentos,
a nossa vida.
Arte é sangue, é carne. Além disso não há nada.
As nossas personagens são pedaços de nós mesmos,
só podemos expor o que somos.

[Graciliano Ramos]

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Que eu possa, que eu saiba

Ilustr.: Salvador Dali
Que eu tenha a força de ser eu mesmo, sempre.
Que eu possa fazer o bem, sem saber o porquê.
Que eu nunca pense que esse alguém irá me retribuir.
Que eu possa ver a luz do dia numa montanha cheia de flores.
Que eu possa ouvir passarinhos cantando.
Que eu possa ver a imensidão azul do céu. Que eu descubra, brincando, o formato das nuvens.
Que eu possa valorizar a alma da criança que existe em mim...
Que eu possa brincar como uma.
Que ao me levantar, enxergue a "Luz" através do sol.
Que diga com amor, o bom dia de cada dia.
Que a minha presença seja sentida, amigo.
Que eu fale sempre o que sinto, como o aroma de absinto, que é leve e encantador.
Que quando estiver no campo, a luz do luar caia sobre meus cabelos.
Que meu pranto só seja de alegria.
Que eu sinta o perfume do orvalho sobre a relva nas noites frias de inverno.
Que eu possa me agasalhar no coração do meu amor quando sentir frio.
Que eu esteja ao seu lado nos dias alegres de verão.
Que eu possa andar na praia e pegar conchinhas.
Que a grandeza do mar seja a energia que recarrega minh´alma.
Que a minha existência faça diferença.
Que minhas palavras sejam amáveis e doces e lembrem os brancos cafezais.
Que sejam ouvidas de forma leve, suave, sublime, como anjos cantando.
Que eu possa fazer da minha luz o candeeiro de outros.
Que eu saiba ser sozinho, mesmo na multidão.
Que eu possa andar descalço, de pés no chão.
Que eu sinta o calor e o frescor da terra molhada com cheiro de chuva.
Que eu possa entender o amor dos que não sabem demonstrar o amor que sentem.
Que eu saiba ser desapegado do amor dos que não sabem amar.
Que eu possa entender que nem todos podem me amar...
Mas que eu ame a todos sem distinção, com toda a força e luz do amor que existe em mim.

[Rosy Beltrão]

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Pessoas interessantes

Ilustr.: Pierre Carrier-Belleuse





Pessoas com vidas interessantes não têm fricote.
Elas trocam de cidade.
Investem em projetos sem garantia.
Interessam-se por gente que é o oposto delas.
Pedem demissão sem ter outro emprego em vista.
Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram.
Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto.
Começam do zero inúmeras vezes.
Não se assustam com a passagem do tempo.
Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida.

[Martha Medeiros, in 'Doidas e Santas']

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Família

Ilustr.: Mark Shasha
Começamos sempre pelos parabéns, felicidades, tudo de bom. Dessa vez vou fazer diferente, antes de qualquer coisa eu preciso agradecer, pela sua amizade, sua parceria, conversas. Agradecer por confiar em mim, e principalmente por me deixar confiar em você, escutar as minhas asneiras do dia-a-dia e muitas vezes morrer de rir, sempre me ajudando, me encorajando e torcendo por mim. Sei que o carinho que tenho por você é recíproco, e fico extremamente feliz por isso. Portanto, antes de qualquer coisa... OBRIGADO POR TUDO.

Não preciso ver-te todo dia para saber que está bem, pois quando não está, eu sinto. E quem disse que a amizade não resiste à... distância?
Bom, ainda não ouviu falar de nós...

Voltando aos parabéns então...
Dizer que te desejo toda a felicidade do mundo, e que pode contar comigo sempre, nem precisa né? você já deve saber disso faz tempo.
Torço muito por você e quando estiver lá na frente, vitoriosa nessa vida, vou-me orgulhar de dizer: era a minha parceira, nos divertimos muito.

[...] Família é quem você escolhe para viver. Família é quem você escolhe para você, não precisa ter a mesma corrente sanguínea, é preciso ter sempre um pouco mais de sintonia!
[...]

por fim...

há quem diga que estamos sozinhos no mundo
tem gente que acha que não se pode confiar em ninguém
sou obrigado a discordar dessa especulação, e com toda a certeza eu digo:
existem pessoas que Deus coloca nas nossas vidas, para nos ajudar, e nos acompanhar sempre, damos o nome a essas pessoas de: AMIGOS

e uma dessas pessoas faz aniversário hoje, e como não sou de esquecer datas...

[Kayque Meneguelli]