quarta-feira, 30 de julho de 2014

Cada vez estou mais só, mais abandonado.

Ilustr.: Ronald Companoca

Cada vez estou mais só, mais abandonado.
Pouco a pouco quebram-se-me todos os laços. Em breve ficarei sozinho.

O meu pior mal é que não consigo nunca esquecer a minha presença metafísica na vida.
De aí a timidez transcendental que me atemoriza todos os gestos, que tira a todas as minhas frases o sangue da simplicidade, da emoção directa.

[Fernando Pessoa, in 'Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação']

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