sexta-feira, 6 de março de 2015

Formar ou informar?

Ilustr.: Ronald Companoca
Estamos a informar e não a formar.
Não estamos a educar a emoção nem a estimular o desenvolvimento das funções mais importantes da inteligência, tais como contemplar o belo, pensar antes de reagir, expor e não impor as ideias, gerir os pensamentos, ter espírito empreendedor. Estamos a informar os jovens, e não a formar a sua personalidade.
Os jovens conhecem cada vez mais o mundo em que estão, mas quase nada sobre o mundo que são. No máximo conhecem a sala de visitas da sua própria personalidade. Quer pior solidão do que esta? O ser humano é um estranho para si mesmo! A educação tornou-se seca, fria e sem tempero emocional. Os jovens raramente sabem pedir perdão, reconhecer os seus limites, colocar-se no lugar dos outros. Qual é o resultado?
Nunca o conhecimento médico e psiquiátrico foi tão grande, e nunca as pessoas tiveram tantos transtornos emocionais e tantas doenças psicossomáticas. A depressão raramente atingia as crianças. Hoje há muitas crianças deprimidas e sem encanto pela vida. Pré-adolescentes e adolescentes desenvolvem obsessões, síndrome do pânico, fobias, timidez, agressividade e outros transtornos de ansiedade.
Milhões de jovens drogam-se. Não compreendem que as drogas podem queimar etapas da vida, levá-los a envelhecer rapidamente na emoção. Os prazeres momentâneos das drogas destroem a galinha dos ovos de ouro da emoção. Conheci e tratei de inúmeros jovens consumidores de drogas, mas não encontrei ninguém feliz.
E o stress? Não apenas é comum detetarmos adultos stressados, mas também jovens e crianças. Eles têm frequentemente dor de cabeça, gastrite, dores musculares, suor excessivo, fadiga constante de fundo emocional.
Precisamos arquivar esta frase e jamais esquecê-la: Quanto pior for a qualidade da educação, mais importante será o papel da psiquiatria neste século. Vamos assistir passivamente à indústria dos antidepressivos e tranquilizantes tornar-se uma das mais poderosas do século XXI? Vamos observar passivamente os nossos filhos serem vítimas do sistema social que criamos? O que fazer diante desta problemática?

[Augusto Cury]

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