sábado, 26 de abril de 2014

Irrealidade

Ilustr.: Pierre Carrier-Belleuse

Minha vigília é anfiteatro
que toda a vida cerca, de frente.
Não há passado nem há futuro.
Tudo que abarco se faz presente.

Se me perguntam pessoas, datas,
pequenas coisas gratas e ingrata,
cifras e marcos de quando e de onde,
- a minha fala tão bem responde
que todos crêem que estou na sala.

E ao meu sorriso vós me sorris…
Correspondência do paraíso
da nossa ausência
desconhecida
e tão feliz.

[Cecília Meireles]

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